Comportamento dos ovinos

Os ovinos domésticos têm uma diversidade de raças e genótipos com características completamente distintas e adaptadas às condições ambientais mais diversas (temperatura, humidade, latitude, altitude, etc.). Existem, no entanto, algumas características transversais e que melhor ajudam a definir o comportamento e as condições de bem-estar a que devem estar sujeitos estes animais.

Os ovinos, apesar de terem uma elevada capacidade de adaptação a diferentes ambientes e maneios, são animais gregários que se organizam em rebanho, vigilantes mas medrosos e com comportamento de razoável grau de previsibilidade. A ação de um humano (pastor) ou de um cão treinado pode condicionar facilmente o comportamento de um rebanho sem causar um stresse significativo aos animais. A ausência de contacto visual de uma ovelha com o rebanho é causa de stresse elevado, que se manifesta sob a forma de vocalizações de alarme. (Barnard et al., 2015; Hinch, 2017)

Apesar das ovelhas de um rebanho não estabelecerem entre si uma relação hierárquica marcada, têm comportamento mimético, pelo que a generalidade das atividades de rotina (caminhar, correr, pastar, deitar, levantar, etc.) são iniciadas por uma líder que é imitada pelas outras ovelhas do grupo. Este comportamento de liderança é possível de ser treinado numa ovelha, com o objectivo de facilitar o maneio do rebanho. (Hinch, 2017)

Os ovinos são altamente seletivos na escolha dos alimentos. A procura de pastagens com espécies mais apetecíveis ou de água pode levar um rebanho a percorrer distâncias superiores a 25 Km num dia. (Hinch, 2017)

Os ovinos têm capacidade para percorrer grandes distâncias em procura de alimento (pastoreio). As fêmeas têm um bom instinto maternal, pelo que a ligação afectiva entre a mãe e respectiva cria é bastante forte. Entre os machos do rebanho sobressai um dominante, agressivo para os que o desafiam, sendo o responsável pela maioria das cobrições das fêmeas. Nos sistemas de produção mais extensivos, o comportamento associado à procura e ingestão de alimentos é aquele que ocupa a maior parte do tempo de atividade dos ovinos. (Doughty et al., 2016)

Dependendo da qualidade dos alimentos, os ovinos podem pastorear durante 4 a 14 horas por dia, sendo mais ativos nesta atividade nas horas que antecedem e se seguem ao nascer do sol. (Hinch, 2017)

Apesar dos ovinos terem uma grande capacidade de adaptação existem evidências de que dietas de alta energia e menor tempo  espendido com o processo de ingestão podem induzir alguns sinais de aborrecimento e que dietas com carência de fibra podem resultar no desenvolvimento de comportamentos estereotipados, como morder a lã. (Vasseur et al., 2006)

Os ovinos também tentam evitar situações de stresse térmico, estando altamente motivados para procurar abrigos ou zonas termicamente mais confortáveis.